No quintal só havia algumas árvores e um jardim bem mal tratado por causa dos predadores. O jardineiro tentou plantar flores e plantas variadas, mas nada vingava. Quando não eram as formigas, os caracóis, besouros, cupim ou as lagartas era o cachorro que arruinava o jardim. Sem contar que a dono da casa que não gostava de esperar, queria podar as plantas antes do tempo e tirava tudo que tivesse espinho. Assim a roseira e a ora-pro-nóbis logo sumiram do mapa e o jardineiro lamentou e chorou. A cerca que foi feita para proteger a terra e evitar que o cachorro avançasse e cavasse mais buracos foi caindo e já parecia tudo perdido.
Para surpresa de todos surgiu uma plantinha próxima do muro que indicava ser um pé de mamão. Como ninguém o havia plantado, ali ficou protegido pelo muro e um vaso grande e foi crescendo. Quando viram que estava ficando grande tiraram o vaso e o deixaram se espalhar. Em poucos meses já estava com dois metros e muitos frutos e flores. Chegou a mais de três metros de altura e mais de setenta mamões de uma vez. Como demoravam para amadurecer muitos foram colhidos verdes para fazer refogados, doces com calda ou com coco. Depois alguns caíram e outros foram colhidos por estarem bem amarelos. Tinham poucas ou muitas sementes, mas o fruto maduro era muito doce.
Foi considerado um milagre. Um presente dos céus. Uma graça em tempo de Pandemia. Uma mostra clara de que para Deus não há impossíveis. Que algo de muito bom pode nascer onde já não há esperança. Agora ele parou de dar flores e está com as folhas amareladas por falta de algum mineral. A terra precisa de nutrientes. Será preciso cuidar para que dê mais frutos e nunca desistirmos de esperar o melhor. Mesmo nos jardins mais desacreditados, Deus pode plantar uma semente fértil que dará trinta, sessenta ou cem por um.
