quarta-feira, 21 de abril de 2010

Maratona - Um

Quando comecei a correr nem imaginava participar de uma maratona. Em 2008 procurei saber qual seria a mais fácil para uma iniciante, e resolvi que a Maratona de Porto Alegre seria ideal por ter um percurso plano, temperatura amena e por ser na minha terra natal. Conversei com um amigo que tinha corrido a Maratona de New York recentemente e ele me deu várias dicas para conseguir terminar a prova sem muito desgaste. Recebi o apoio de familiares e viajamos numa véspera de feriado, fomos bem recebidos e até dei uma corridinha no Parque da Redenção na sexta-feira. No sábado busquei o kit com o chip, camiseta e número de peito. Descansei bastante, comi massas e fui dormir cedo. No domingo levantei antes das 6hs, me preparei e fui andando até o local da prova, as ruas já estavam bloqueadas mas foi bom pois aproveitei e fiz meu aquecimento. Cheguei as 7hs em ponto quando foi dada a largada das mulheres. Fazia frio, mas deixei minha blusa com minha irmã que tinha me acompanhado e fui em frente sem pesos extras. Consegui manter um ritmo bom e quando cheguei nos 15km nem acreditava que alguns já haviam embarcado no ônibus que passava recolhendo os desistentes , outros que passaram mal recebiam o socorro de médicos nas ambulâncias paradas ao longo do caminho. Não levei relógio então procurava cantar baixinho ou acompanhar alguém para manter o ritmo. Passavam alguns curiosos de carro que gritavam:¨ - Tia, pede prá sair! Pede prá sair!¨ Mas não desanimei, ao contrário, aquilo serviu de estímulo. Na metade da prova fiquei empolgada e aumentei o ritmo, mas isso me prejudicou mais tarde. Aos poucos meu ritmo foi caindo, minhas mãos estavam inchadas e os pés doloridos. Mal conseguia engolir o gel e a água. Parei, alonguei as pernas e me arrastei por 3km até o próximo tapete que marcava nosso tempo no chip. Ali já eram 38km e os moços da organização, de braços cruzados não davam nem um estímulo para os últimos que passavam pelo tapete, só observavam para ninguém pegar um atalho. Passei pelo último posto de água pedindo a Deus que me ajudasse, pois não tinha mais forças, só dores. Na minha frente algumas pessoas gritavam para um corredor: -¨ Vamos lá você vai conseguir terminar em 5hs. Se anima que você consegue, vamos!¨ Peguei aquelas palavras para mim e fui embora. Consegui correr até a chegada e terminei em 5hs e 20min. Mal consegui tirar o chip para pegar minha medalha e o lanche. Perguntei para um corredor que estava sentado na calçada: - ¨Foi sua primeira maratona? Ele respondeu:- Sim e também a última¨. Na hora pensei igual, mas agora depois de passados 2 anos já penso diferente. Fiquei dolorida por vários dias, mas o efeito da endorfina durou uma semana inteira. Estava muito feliz por poder dizer: ¨Sou maratonista¨. Graças a Deus, aos amigos e parentes consegui ir até o fim. Na vida cristã estamos numa longa jornada que muitas vezes nos deixa sem forças físicas, dependemos de Deus e do estímulo de outras pessoas, mas algumas só querem ver se realmente vamos conseguir terminar sem pegar atalhos e não se importam se precisamos de ajuda. Bem que falam que numa longa corrida é mais importante o nosso estado psicológico do que o físico. Se nem sempre podemos contar com as pessoas , sabemos que com Deus podemos contar!

2 comentários:

  1. Amém!
    Tenho orgulho de você.
    Você tem conseguido superar-se, tem mostrado a todos nós que as conquistas são possíveis, mesmo tendo pela frente tantos obstáculos.
    Bacana sua comparação da corrida física onde a maior parte das vezes não se pode contar com os estímulos de seres humanos, e a corrida espiritual onde sempre podemos contar com os estímulos que a fé em Deus proporciona.
    Parabéns!!!

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  2. Parabéns pela façanha. Realmente é preciso coragem para encarar certas situações desafiadoras, ainda mais para uma mulher que sofre tantos preconceitos e é tida pelos homens, e até pelas próprias mulheres, com um ser frágil e dependente. Sempre gostei de corrida, de assistir as competições nesta modalidade nas Olimpíadas e na São Silvestre. Sempre sonhei em praticar este esporte, mais para ter uma vida mais saudável e fugir do sedentarísmo. Faltava um impulso e ele chegou através do seu exemplo.

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